Pesquisar este blog

sábado, 28 de agosto de 2010

ESTE MÊS FEZ 7 ANOS DA MORTE DO MEU PAI – GONÇALO SAMPAIO

Foi num sábado a noite que vi meu pai pela ultima vez com vida, era véspera do dia dos pais, sabia que ele teria um compromisso no domingo e resolvi entregar com antecedência o presente que havia comprado.
Tudo parecia normal, como sempre, cheguei à casa dos meus pais e sabia, pois já era comum encontrá-lo em seu quarto deitado de lado com um terço na mão, rezando para que Deus tivesse piedade dos erros das pessoas que o faziam mal, e principalmente para que seus filhos encontrassem um rumo verdadeiro em suas vidas.
Quando cheguei, ele interrompeu sua oração e logo veio me abraçar e eu aproveitei para lhe entregar o presente, e como em todos os anos ele disse a mesma coisa:
 Não precisava filha, você já foi se endividar por minha causa? - O mais importante para mim e a presença dos meus filhos!

Quem um dia teve o privilégio de conhecê-lo saberia que estas palavras eram sinceras, por que se tratava de um homem de bem, sem ambição, sem vaidades, e que realmente se importava com as coisas mais simples.
Na mesma noite 3 horas da madrugada, meu marido recebeu uma ligação dizendo que meu pai estava mal e que precisava ir ao hospital. Lembro-me bem do rosto do meu marido dizendo que meu pai estava mal e seria bom que eu fosse vê-lo, mas naquele momento eu já sabia que a situação era bem pior. Ele já havia falecido de ataque cardiaco, quando ainda estava dormindo, .

Pois é, até para morrer meu pai foi abençoado, morreu dormindo .
Meu pai antes de casar-se com a minha mãe estudou em uma escola franciscana, já se preparando para ser padre, conheceu minha mãe que era uma das beatas da igreja, talvez a mais bela beata da cidade.
Foi com ela que ele se casou e teve seis filhos, inclusive eu que nasci na França quando resolveram fazer um curso no exterior.
Era um homem extremamente correto, de lutas e pelejas, fiel cumpridor de suas obrigações, homem de fé inabalável, não conseguia enxergar o mal em ninguem, pois sabia que a maldade não é um estado permanente no homem.
Por conseguir fazer amigos com facilidade era alvo fácil dos políticos que se aproveitavam de sua presença para se beneficiar. E estes mesmo o abandonavam quando conseguiam chegar a seus objetivos.

No enterro dele eu passei a admirá-lo ainda mais, muitas famílias chegavam até mim dizendo não saber o que fazer, já que o homem que os ajudava com cestas básicas todos os meses, não poderia mais assim fazê-lo. Nós a família dele não sabíamos de suas ações de caridade. Ele não gostava de fazer alarde de sua bondade.
Eu e meus irmãos chegávamos as vezes a questionar o excesso de honestidade de meu pai, já que vivíamos situações difíceis. Ele ocupou cargos públicos municipais, estaduais e federais importantes, teve chances de ser um dos homens mais ricos da região onde morávamos, porque tinha em seu poder as possibilidades de se dar bem, mas mesmo assim, de herança ele deixou o que mais tarde iríamos compreender e aceitar que foram seus ensinamentos de honestidade, bondade e solidariedade.
Eu venho ao longo destes 7 anos agora sem meu pai, me espiritualizando e cada vez que eu me aprofundo no conhecimento sinto mais necessidade de usar os ensinamentos que ele deixou, e cada vez mais eu entendo que ele não vivia para este mundo, ele sabia exatamente onde queria chegar...
Mais perto de Deus!
Saudades, pai, espero chegar a seu nivel espiritual para agradece-lo. Te amo pai!

Nenhum comentário:

Postar um comentário