Pesquisar este blog

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Clima tenso após ocupações do MST no Pará

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocuparam ontem três fazendas no sul e sudeste do Pará. As ações foram simultâneas, parte de mobilização nacional, e pedem o assentamento de 60 mil famílias acampadas em todo o país. Foram ocupadas as fazendas Ponta da Serra, em Marabá, Nova Era, em Eldorado do Carajás, e Taumé, em Tucumã.
Em Eldorado, os sem-terra chegaram por volta das 5h30 da manhã, “convidaram” duas famílias de trabalhadores da propriedade a sair da fazenda e em seguida montaram diversas barracas de camping e de palha de babaçu na sede da fazenda.
Para um dos líderes da ocupação, João da Silva Oliveira, o “Careta”, a fazenda tem histórico de violência, uma vez que trabalhadores teriam sido maltrados. Outro argumento para justificar a ocupação seria a localização da propriedade, a apenas quatro quilômetros do centro de Eldorado e vizinha ao assentamento 17 de abril.
Após serem retirados no último dia 10 de agosto da fazenda Ponta da Serra, os sem-terra retornaram para o acampamento Darci Ribeiro. Já na fazenda Taumé, que segundo o MST pertence ao megatraficante carioca Fernandinho Beira Mar, os sem-terra chegaram de madrugada e também montaram as barracas.
Ainda estava nos planos do MST ocupar uma fazenda distante do centro de Nova Ipixuna cerca de 30 quilômetros. A propriedade, de cerca de 4 mil hectares, seria de terras públicas. Mas foram reprimidos e expulsos por policiais militares de Nova Ipixuna e, segundo o MST, por jagunços contratados pelos fazendeiros.
Cinco trabalhadores foram presos e seriam liberados depois de lavrado Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo delegado de Jacundá, Marcos Camargo Cruz.

AMEAÇA
Em retaliação ao despejo e prisões em Nova Ipixuna, outro grupo de sem-terra interditou a BR-155 à altura do acampamento “Dalcídio Jurandir”, na fazenda Maria Bonita, em Eldorado, e do acampamento João Canuto, na fazenda Rio Vermelho, em Sapucaia.
O coordenador regional do MST, Charles Trocate, ameaçou que o MST pode ilhar todo o sul e sudeste do Pará pulverizando interdições de rodovias em frente a todos os acampamentos ocupados pelos sem-terra.
Ato semelhante aconteceu em fevereiro de 2005, quando a freira norte-americana Dorothy Stang foi assassinada. Dois dias antes, o sindicalista Soares da Costa Filho foi morto em Parauapebas. As duas mortes desencadearam uma série de ocupações das rodovias.

Fazendeiros articulam desocupações
No município de Eldorado dos Carajás, palco do massacre que vitimou 19 trabalhadores sem-terra em 1996, um grupo de fazendeiros se articulava ontem para retirar os
sem-terra que ocupam a fazenda Nova Era. Diversos pecuaristas mantiveram contato com órgãos como a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), e com parlamentares a fim de conseguir que tropas do Comando de Missões Especiais (CME) fizessem a retirada.
O vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, que reúne os municípios de Eldorado, Curionópolis e Parauapebas, Geraldo Capota, condenou a ocupação e taxou o MST de “os sem coragem de trabalhar”. Ele declarou que “os fazendeiros precisam acabar com esse movimento urgentemente”.
Para ele, a ocupação é uma afronta ao Estado e às autoridades. “Vamos tirar esse pessoal daqui hoje e temos de acabar com essas invasões de terras no Pará”, garantiu.
Segundo Geraldo Capota, tropas do CME em Redenção se deslocariam nesta quarta-feira para retirar os sem-terra da fazenda Nova Era. A Polícia Militar não confirmou a informação.
Independentemente da chegada das tropas, os pecuaristas estão dispostos a realizar a reintegração de posse e o clima permanece bastante tenso na região.
À exceção de Geraldo Capota, nenhum outro pecuarista aceitou falar ao DIÁRIO sobre o assunto, mas cobram repetidas vezes a retirada dos sem-terra e condenam a invasão. (Diário do     Pará, de Marabá)

Nenhum comentário:

Postar um comentário