A cada 12 meses, somem 120 mil brasileiros. É como se toda a população da cidade de Atibaia, no interior paulista, evaporasse do mapa. Para a polícia, grande parte dos desaparecidos não quer ser encontrada. Exceto em caso de distúrbios mentais ou outras doenças, muitos teriam fugido de dívidas, de um casamento infeliz, do pagamento de pensão ou simplesmente porque gostam de aventura. Mas, no total, há 50 mil crianças. E aí a história é outra: quase 100% delas (a maioria tem até 12 anos) é vítima de rapto. Uma realidade que levou a Câmara dos Deputados a criar a CPI de Crianças e Jovens Desaparecidos. Desde dezembro passado, seus integrantes saem de Brasília e percorrem o país investigando as falhas da segurança pública para prevenir e coibir o crime e prender os culpados. Esses algozes vendem garotos e garotas no mercado da adoção ilegal, dentro e fora do Brasil, ou os empregam nas redes de prostituição e pedofilia, segundo a deputada Bel Mesquita, presidente da CPI. "Em algumas situações, como no Paraná, encontramos meninos emasculados (com os órgãos genitais retirados) ou que foram obrigados a participar de cultos insanos e magia negra”, conta. A deputada observa que os raptos também ocorrem nas camadas mais ricas da população. “A proporção é bem menor, mas acontece. Há ainda pais separados e inconformados com decisões judiciais que somem com os filhos.”
Do trabalho árduo, Bel se recorda de um ou outro episódio com final feliz: “Foi emocionante ver Serginho, um garoto de 12 anos, ser devolvido à mãe, em Maceió, depois de dois anos de afastamento e dor. Eles se abraçaram e choraram muito”. A história: Serginho foi raptado para mendigar, prática muito comum nesse cenário sombrio. A polícia descobriu o menino alagoano em Campos (RJ) pedindo esmolas sob o domínio do marginal que o arrancou da família. Ele era obrigado a declarar-se filho do agressor, que man tinha mais um garoto de 7 anos nas mesmas condições.
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