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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Carajás vai tirar liderança de Minas Gerais

Minas Gerais perderá para Carajás, no Pará, dentro de quatro anos, o posto de maior fornecedor do minério de ferro que mantém a Vale na liderança do ranking mundial de produtores da matéria-prima. A companhia iniciou ontem as obras de terraplenagem e fundações da usina de tratamento de minério desenhada para atender ao megaprojeto S11D, que vai produzir 90 milhões de toneladas por ano na Serra Sul de Carajás. Com outras duas expansões na região – os projetos Adicional 40 e Serra Leste –, o Pará vai sair dos atuais 35% de participação no volume total extraído pela empresa, de 320 milhões de toneladas em 2012, para mais da metade da produção em 2017, informou o diretor de Projetos Ferrosos Norte da Vale, Jamil Sebe.
As reservas de Minas Gerais respondem por cerca de 65% da produção da Vale, percentual que deve recuar a menos de 50% nos próximos anos, derrubando a hegemonia do estado no mapa geográfico da multinacional brasileira. O estado foi o berço da mineradora, criada em 1942 em Itabira, um dos símbolos da tradição de 300 anos da exploração de bens minerais em Minas, capitaneada pelo minério de ferro. Jamil Sebe disse que o avanço de Carajás segue regras básicas de mercado, que conjugam reservas de boa qualidade, volumes expressivos e custo competitivo de produção, fatores para servir de alerta a Minas, como estado minerador, dono de aproximadamente um terço da produção mineral do país.
Diferentemente da fronteira aberta na Amazônia em meados dos anos 1980, o foco da Vale em terras mineiras está em investimentos para manutenção de lavras e no aproveitamento de minério pobre do tipo de itabiritos de baixo teor de ferro. Entre os projetos para expansão da produção, a mineradora tem enfrentado a resistência dos ambientalistas para licenciar o projeto Apolo, na Serra do Gandarela, nos municípios de Caeté e Santa Bárbara, e novas seções de mina em Mariana.
“Para crescer e dar o salto de produção que a companhia espera, não há outra oportunidade como a de Carajás. Só aqui temos minério na qualidade e quantidade para isso”, afirmou Jamil Sebe. A produção de Carajás deverá crescer de 110 milhões para 250 milhões de toneladas anuais, ultrapassando a contribuição das jazidas de Minas, ao redor de 200 milhões de toneladas anuais. O estado tem ainda como desvantagem um processo de mineração adiantado que necessita de aportes em tecnologia, tornando mais caro o processo de produção.
Classificada como reserva de classe mundial, o corpo mineral que consiste no projeto S11 contém 10 bilhões de toneladas em reservas de hematita provadas e recursos que demandam mais estudos com teor de 66,5% de ferro. Em Minas, os teores vão de 40% a 55% de itabiritos. A seção da mina que vai entrar em produção é o chamado corpo D, espalhado sobre nove quilômetros de extensão, um colchão de 4,2 bilhões de toneladas, a profundidade de até 250 metros, permitindo vida útil de 40 anos à jazida.
Concorrente de peso
Trata-se, segundo o diretor de projetos da Vale, do maior empreendimento no segmento de ferro em implantação no mundo, orçado em US$ 19,7 bilhões (tendo como base o câmbio de RS 2 por dólar) e da maior mina do planeta em capacidade inicial de produção. A reserva está localizada na borda da Floresta Nacional de Carajás, na porção Sul da província mineral, em Canaã dos Carajás. A construtora mineira Andrade Gutierrez deu início, ontem, às obras de terraplenagem do platô onde a usina de tratamento de minério será instalada, com duração prevista de um ano e meio. Outras duas empresas mineiras, Usiminas e Usiminas Mecânica, trabalham na área de montagem eletromecânica.
Fonte: Marta Vieira 

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