A 40 quilômetros de Palmas, capital do Tocantins, no meio do mato, o sol queima a mais de 40º e os carrapatos não respeitam nem a parte mais íntima dos homens. O banheiro é daqueles químicos e o chuveiro improvisado cheira à privada entupida.
Nesse cenário, uma pergunta não quer calar: cadê o glamour do cinema?
Está "nas imagens incríveis", nas palavras do diretor Cao Hamburger, captadas nessa e em outras remotas locações de seu novo filme.
"Xingu", cujas filmagens terminam no próximo domingo e o lançamento será em 2011, reconstitui a vida épica dos irmãos Villas Bôas na exploração de matas virgens do oeste brasileiro, a partir dos anos 1940.
Na semana passada, Hamburger e sua equipe, da produtora O2, chegaram ao Parque Indígena do Xingu, onde ficam hospedados em ocas, até a próxima terça. Idealizada pelos Villas Bôas, a reserva foi inaugurada em 1961 e tem hoje cerca de 5.000 índios de 14 diferentes etnias.
O diretor está na oca de Macawana, pai dos índios selecionados para o longa.
Levanta ao raiar do sol, come biju com mel ("delícia") e começa o trabalho com os índios. "Tenho experiência com atores de primeira viagem. Os índios são incrivelmente concentrados e têm facilidade em entrar no jogo da interpretação. Também estão orgulhosos em contar a história de seus avós", afirmou.
Já para o papel dos três irmãos protagonistas, o diretor escolheu atores experientes. Felipe Camargo será Orlando (1914-2002), João Miguel, Cláudio (1916-1998), e Caio Blat, Leonardo (1918-1961).
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