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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Carajás: A NOVA ITABIRA, por Lúcio Flávio Pinto


Certo dia, o mais famoso filho de Itabira do Mato Dentro chegou à sacada da sua casa e não viu mais a serra em frente. Serra que fora do seu pai, do seu avô, "de todos os Andrades, que passaram/ e passarão, a serra que não passa".
Serra essa que era "coisa de índios" e foi tomada pelos brancos "para enfeitar e presidir a vida/ neste vale soturno onde a riqueza/ maior é a sua vista a contemplá-la". Deveria ser uma vista eterna. O pico do Cauê, todo de ferro, do melhor minério do planeta, era capaz de soprar "eternidade na fluência".
Mas eis que, em dada manhã, o poeta Carlos Drummond de Andrade olha e não vê mais a serra dos índios e dos muitos Andrades. A forma eterna de ser em ferro fora desmontada, "britada em bilhões de lascas,/ deslizando em correia transportadora/ entupindo 150 vagões,/ no trem-monstro de 5 locomotivas/ — trem maior do mundo, tomem nota".
Chocado e indignado, o poeta ordena em versos: "foge minha serra vai,/ deixando no meu corpo a paisagem/ mísero pó de ferro, e este não passa".
Se tivesse nascido em Parauapebas, no Pará, como reagiria aquele que muitos consideram não só o maior poeta de Minas, mas do Brasil? Sua serra acabou como "um retrato na parede, e como dói". Deixou como herança itabirana "o hábito de sofrer que tanto me diverte", reconfortava-se o vate mineiro.ver mais

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